Segundo a tradição pashtun, Malalai de
Maiwand foi uma heroína que, do alto de uma montanha,
incentivou seus compatriotas a enfrentarem tropas
britânicas no século 19. A moça teria morrido no campo de
batalha. Foi inspirado nessa história que o paquistanês
Ziauddin Yousafzai deu o nome de Malala a sua única filha.
“Você lhe deu o nome de uma menina que foi morta por
falar. É quase como se dissesse que com a sua filha seria
diferente”, provoca o diretor americano Davis Guggenheim,
em uma das cenas do documentário Malala – sobre a
garota que enfrentou o fundamentalismo para poder
estudar– , que chega aos cinemas neste mês. “Você está
certo”, responde Ziauddin.
Em 2008, quando o líder do grupo extremista Talibã
anunciou que nenhuma escola deveria abrigar meninas,
Malala tinha 11 anos e não obedeceu às novas regras.
Apoiada por seu pai, a garota continuou a estudar e a
escrever o diário Uma Estudante Chamada Gul Makai, no
site da BBC, onde contava o dia a dia em uma cidade
dominada pelo Talibã. O sucesso dos textos era tanto, que
aos poucos o pseudônimo (saído de outra heroína do
folclore local) que ela havia adotado para preservar sua
identidade deixou de fazer sentido. Na época, Malala até
dava entrevistas defendendo o direito das mulheres à
educação. Foi então que, em outubro de 2012, ela sofreu
um atentado dentro do ônibus que a levava para a escola –
foram três tiros na cabeça. Nem assim ela se calou.
Muito pelo contrário. No ano passado, Malala tornou-se a
mais jovem ganhadora do Prêmio Nobel da Paz. Hoje, com
18 anos, ela vive e estuda em Birmingham, no Reino
Unido, para onde se mudou depois do atentado para tratar
seus ferimentos. Alterna a rotina de uma estudante normal
(que sofre com as provas no colégio) com a da menina-
celebridade que viaja o mundo para se encontrar com
grandes líderes e presidentes. Tudo isso é mostrado com
delicadeza e muita emoção no documentário dirigido por
Guggenheim, que estreia nos cinemas no dia 19 de
novembro. Essencial!
Escrito por
Fonte: Revista Cláudia / texto: Gabriela Abreu (colaboradora)